No sábado, 6 de maio, o Sindieletro realizou o 3º encontro do curso de Formação Carlos Marighella, com a aula: Trabalho de base e construção da luta sindical. O mediador foi o educador popular e assessor técnico do Dieese, Thomaz Jensen. O curso é organizado pela Secretaria de Formação do Sindieletro.
A aula iniciou-se com uma mística apresentada pelo grupo Abelharte. Cristina Nonato e seus filhos Christian e Regiane Abelha apresentaram a performance poética Tal Mãe Tal Filha, recitando vários poemas que abordam a realidade das periferias, o racismo e relações de gênero. O grupo Abelharte realiza a Feira Colaborativa Sarau de Poesia e está no Instagram: @regis.abelha; @sarauefeira; @abelharte_ ; @cristina.nonato.33º.
O educador popular Thomaz Jensen trouxe para a aula uma dinâmica de reflexão por meio do diálogo. O encontro foi conduzido com perguntas e respostas, numa escutatória sobre o que os participantes poderiam avaliar e apontar como desafios para o movimento sindical nos dias de hoje.
A partir das mobilizações, o que podemos identificar como principais dificuldades e desafios para o movimento sindical? Essa pergunta, entre outras, levou o público a dar o tom do debate. O coordenador-geral do Sindieletro, Emerson Andrada, respondeu que a legislação trabalhista criminaliza a atividade sindical, assim como as empresas, citando o exemplo do “cercadinho” imposto pela gestão da Cemig para impedir o trabalho de base. “Isso afeta a atividade sindical, assim como a criminalização legal das relações trabalhistas, como a lei de greve”, afirmou.
O secretário-geral do Sindieletro, Jefferson Silva, avaliou que são dois os fatores da organização dos trabalhadores que representam desafios para o plano de mobilizações: redução da burocracia sindical e a terceirização como fator de fragmentação na organização dos trabalhadores. Já o secretário de Formação, Geovan Aguiar, refletiu que um grande desafio é sabermos escutar os trabalhadores. “Muitas vezes falamos muito e ouvimos pouco. Construir os espaços de escuta é muito importante”, destacou.
Os participantes como um todo apontaram que o país viveu na última década um cenário bastante desfavorável para os trabalhadores, com a reforma trabalhista, o governo Bolsonaro e a pandemia. Em Minas, a situação de retrocesso continua com o governo Zema. Sindicatos fecharam as portas e a classe trabalhadora perdeu direitos históricos. Além disso, há inúmeros trabalhadores que não enxergam os sindicatos “com bons olhos”. E, por isso, os grandes desafios são superar a desmobilização e a alienação, realizando um trabalho profundo de conscientização de que somos classe trabalhadora.
A cultura do silêncio para alienar
Thomaz elencou desafios como, o modelo de relações empresariais impostas aos trabalhadores por meio de metas, remuneração variável, terceirização, flexibilização dos direitos, entre outros. Uma das formas de reforçar esse modelo, apontou, é a cultura do silencio, que as elites usam para introjetar os valores cultivados pelos opressores. “O capitalismo usa a palavra colaborador e essa é uma expressão da cultura do silêncio. O ‘colaborador’ precisa se adequar ao patrão, vestir a camisa, manter o sindicato longe. Assim, o grande desafio do movimento sindical é romper com esse processo de alienação”, observou.
Segundo o educador, há também o desejo de ser o outro. A pessoa se identifica com outras pessoas de sucesso, o que a propaganda utiliza muito bem para alienar. A expressão “influencer” é um dos padrões para a identificação com o outro. Aliás, todas as redes sociais se utilizam desse modelo de identificação com o outro.
Educação popular
De acordo com Thomaz, uma alternativa eficiente de trabalho de base para conscientizar de que somos protagonistas da nossa história, é o projeto de educação popular. Essa educação é tocada por militantes dos movimentos sociais e sindicais em defesa de um projeto popular. Thomaz citou a organização Levante Popular da Juventude como um modelo de trabalho de base pela educação. “O Levante tem o conceito de trabalho de base com a educação como uma forma de construir nosso sonho”, citou.
“A construção pela educação popular deve ser permanente, sempre pautada pelo diálogo. O momento é de reconstrução do movimento sindical”, finalizou.