13 de julho: luto agora é verbo



13 de julho: luto agora é verbo

A última quinta-feira (13) foi um importante dia de luta para a categoria eletricitária. Por vida, trabalho e dignidade, realizamos greve em todo o estado, na base territorial do Sindieletro – em memória do eletricitário Gabriel Luciano-, falecido no último dia 3, por saúde e segurança como prioridade na Cemig e pelas pautas ainda em aberto com a gestão: PLR 2022 e trabalho híbrido.

Em Belo Horizonte, os atos começaram nas portarias do Anel Rodoviário e Quarteirão 14, desaguando na concentração em frente à Sede da Cemig. Por volta das 15h30, subimos em passeata até a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), onde participamos de audiência pública orquestrada pelo deputado estadual Betão (PT) e o  Sindieletro para tratar sobre PLR e condições de trabalho na Cemig.

Luto agora é verbo

Durante o ato, eletricitários e eletricitárias se reuniram para reivindicar a responsabilização dos gestores da Cemig pelos acidentes, assédios e práticas imorais e antissindicais.

Contamos com a participação de diversos representantes da luta em Minas Gerais: companheiros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Sindicato dos Metalúrgicos de BH, Contagem e Região (Sindimet), Sindicatos dos Trabalhadores dos Correios (Sintect/MG) e Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), além dos mandatos dos deputados estaduais do PT, Beatriz Cerqueira e Betão, que trouxeram elementos de debate sobre o momento atual na Cemig e em Minas Gerais.

“A quantidade de acidentes de trabalho que tem acontecido na Cemig nos últimos tempos não pode ser considerado algo normal. Além disso, a luta por vida, trabalho e dignidade inclui a luta pela PLR, a luta pela Cemig Saúde e a luta pelo direito ao  trabalho híbrido que, hoje, para desmobilizar a nossa greve, a empresa convoca trabalhadores para trabalhar no formato remoto. A mesma empresa que se nega a negociar o modelo híbrido abre exceção neste dia para tentarprejudicar nosso dia de greve”, pontuou Emerson Andrada, nosso coordenador-geral.

 

 

Cemig não ofereceu amparo à família de Gabriel Luciano

Emerson também trouxe o panorama colocado após a morte do eletricitário Gabriel Luciano, de apenas 27 anos. A Cemig não ofereceu suporte à família e nem mesmo dedicou tempo para debater o acontecido. “Falta zelo e cuidado com a força de trabalho da Cemig. É inadmissível que um rapaz desta idade seja colocado a serviço daempresa e volte em um caixão no fim do dia. É sintomático quando, no dia seguinte à morte de um companheiro, numa das maiores bases do estado, a reflexão pelo acidente tenha durado cinco minutos. O gerente parou os trabalhadores para refletir sobre a morte de Gabriel Luciano por cinco minutos. O grau de desrespeito dessa gestão com a vida é expressado por esses cinco minutos”, disse.

“A empresa não determinou nenhuma mudança. Houve acidente de trânsito no Norte de Minas, acidente de linha viva há 30 dias, acidente de linha viva na semana passada, o falecimento de Gabriel Luciano. E eles disseram, ‘a partir de agora vamos parar e repensar o que está acontecendo’? Não. O máximo de reflexão foi um vídeo de três minutos do presidente dizendo que está triste”, continuou.

Ao jornal O Tempo, a Cemig afirmou que estava amparando a família de Gabriel Luciano. Não foi a informação que recebemos. “Eu estive com a mãe do Gabriel Luciano. A Cemig não deu nenhum amparo à família. O máximo que a Cemig fez foi ligar para o pai de Gabriel, pedir o número da conta e depositar a rescisão. Não houve acompanhamento psicológico para uma família que está passando por um trauma de grau extremo. Nem mesmo tiveram a coragem de ligar e dar as condolências aos pais do trabalhador”, concluiu.

 

A greve nas Regionais do Sindieletro

No interior, a greve do dia 13 de julho foi marcada por mobilizações nas portarias da Cemig, com concentrações, atos, conversa sobre as pautas da paralisação com os trabalhadores e as trabalhadoras e carro de som com falas de diretores do Sindieletro, entre outras ações.

Na Regional Norte a direção sindical entregou panfleto e o Chave Geral, expôs faixas, cartazes e realizou ato e um café nas portarias com  uma conversa com os trabalhadores e trabalhadoras sobre os motivos da greve.

Barbacena

 

Itutinga

 

Ituiutaba

 

Nas Regionais Leste e Oeste houve panfletagem nas portarias com boa participação dos eletricitários. Em Uberlândia, Uberaba e Ituitaba, na base da Regional Triângulo, a categoria Cemig também participou de panfletagem, concentração e atos nas portarias. Na Regional Mantiqueira aconteceram concentrações e panfletagem em Barbacena (portarias da TR e Cemig Distribuição) e em Itutinga. A Regional Vale do Aço marcou a greve com panfletagens, falas nas portarias e exibição de cartazes da greve, com a defesa da vida, trabalho e dignidade.

 

Audiência na ALMG trata diversos temas

A Comissão do Trabalho, da Previdência e Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais debateu, por meio de audiência pública, o avanço do número de acidentes de trabalho, a omissão da Companhia e casos de subnotificação. Além disso, outras pautas importantes que têm sido aparelhadas pela gestão de Romeu Zema (NOVO) na Cemig foram abordadas.

A atual direção da Cemig foi representada na reunião por um diretor, dois superintendentes e um gerente, que se revezaram para responder todos os questionamentos. No entanto, as respostas não trouxeram abertura para diálogo ou encaminhamentos posteriores.

O deputado Betão, presidente da Comissão de Trabalho, mediou o debate e trouxe questionamentos sobre os relatos de trabalho análogo à escravidão na companhia, fechamento de agências e bases operacionais no estado, casos graves de saúde mental entre os trabalhadores e treinamento de eletricistas contratados. A anedótica contratação de um ortopedista para cargo de gerência na Cemig também foi citada.

O deputado estadual Professor Cleiton (PV), relator da CPI da Cemig na ALMG, também compôs a mesa e criticou a ausência do Ministério Público na audiência, cobrando do órgão as medidas recomendadas no relatório final da investigação.

Nosso coordenador-geral, Emerson Andrada, trouxe o contexto atual sobre a ocorrência de acidentes na empresa. A ocultação de acidentes pode elevar os valores que a empresa é obrigada a repassar à Previdência Social, daí as supostas tentativas de ocultamento. O acidente fatal de Gabriel Luciano está sob apuração do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em Minas Gerais e o Sindieletro está acompanhando os casos.

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