1% mais ricos



1% mais ricos

Em um mundo em que uma em cada nove pessoas vai para a cama à noite com fome, o modelo econômico mundial continua, dando aos ricos uma fatia cada vez maior do bolo.

De acordo com estudo do Credit Suisse divulgado pela ONG Oxfam, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, o patrimônio somado de apenas 62 bilionários é equivalente à riqueza conjunta dos 3,6 bilhões mais pobres do planeta. E o pior é que o problema tem se agravado conforme demonstra o estudo.

A Oxfam alerta que o fenômeno acontece sem que líderes mundiais consigam gerar ações concretas para assegurar uma melhor distribuição da riqueza mundial. A Oxfam defende medidas urgentes para frear o “crescimento da desigualdade”. A primeira delas deve ter como alvo a evasão fiscal praticada por grandes companhias.

Para a diretora da Oxfam Brasil, Kátia Maia, a desigualdade prejudica a todos, gerando problemas sociais graves como por exemplo, a violência.
Segundo o escritório das Nações Unidas para Drogas e Crimes (Unodc), as taxas de homicídios são quase quatro vezes mais altas em países com desigualdade econômica extrema do que em nações mais igualitárias.

Na avaliação da socióloga, a desigualdade econômica extrema pode inclusive trazer ameaças aos regimes democráticos. Com o poder econômico acumulado nas mãos de um pequeno setor da população, “governantes se submetem aos interesses da minoria, e isso pode levar a grande insatisfação social, gerando revoltas e conflitos”.

A Oxfam Brasil vai elaborar um relatório sobre desigualdades em nosso país, mas a entidade já aponta problemas que levam à concentração de renda, como a política fiscal brasileira. “O nosso sistema tributário atual é extremamente regressivo e recolhe a maioria dos impostos de maneira indireta e sobre o consumo, enquanto a renda e o patrimônio são menos taxados. Proporcionalmente, isso onera mais as famílias pobres, o que, consequentemente, onera mais os negros e as mulheres. Esse modelo institucionaliza e perpetua a desigualdade”, avalia.

Tem remédio?

Dentre as medidas que ajudariam a desconcentrar renda, o cientista político Leonardo Sakamoto aponta a taxação de lucros e dividendos de empresas, de grandes fortunas, de grandes heranças (seguindo o modelo norte-americano ou europeu). Sakamoto também defende uma alteração expressiva da tabela do Imposto de Renda (cobrando de quem tem e isentando a maior parte da classe média) e a redução do teto da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução de salário para combater a concentração de renda no Brasil.

Na avaliação de Kátia Maia, um mundo menos desigual depende da mobilização e do trabalho conjunto de organizações da sociedade civil, movimentos sociais e vários outros setores da sociedade. “A construção de um mundo mais justo é uma tarefa coletiva, ainda que cada indivíduo possa e deva dar sua contribuição. Pensar e desejar um mundo menos desigual não é somente uma questão de esperança; é uma questão intrínseca ao que somos como seres humanos”.

O diretor do Sindieletro, Marcelo Correia, chama a atenção para o modo como a concentração de renda ocorre no dia a dia: “Com a desculpa de combater a tal crise, estão sendo tomadas medidas como a precarização do trabalho, cortes nos gastos sociais, aumento na taxa de juros, e mais desoneração do capital. Aliás, as mesmas desculpas estão sendo utilizadas para cortes de direitos e não primarização de postos de trabalho na Cemig”.

Fontes: Site da Envolverde, Blog Leonardo Sakamoto, Uol Notícias.

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