Após o Sindieletro denunciar e cobrar dos gestores da Cemig, por diversas vezes, uma solução para a extrema precarização estrutural e do serviço de refeições na UniverCemig nos últimos anos, finalmente a gestão da empresa tomou providências. Porém, foi uma solução paliativa que não oferece uma resposta para o fim da precarização e abandono da política efetiva de formação do quadro técnico.
Em comunicado, publicado na terça (01/02), a gestão da Cemig anunciou que a partir do próximo dia 07, segunda-feira, serão disponibilizadas vagas em hotéis conveniados em Sete Lagoas, onde fica a UniverCemig (também chamada de Escolinha de Sete Lagoas), para os alunos matriculados em cursos de treinamento, atualização e qualificação. Também liberou para que os trabalhadores/alunos façam suas refeições fora do campus da UniverCemig.
A gestão admitiu que a UniverCemig, com 55 anos de existência, precisa passar por uma manutenção predial e que há alguns alojamentos inabitáveis devido a problemas estruturais. Reconhecimento que, para o Sindieletro, chega com bastante atraso, pois há cerca de três anos o Sindicato e os próprios trabalhadores cobram insistentemente uma solução.
O coordenador-geral do Sindieletro, Emerson Andrada, reconhece que, demorou, mas houve uma mudança de procedimento de gestores da Cemig em relação à UniverCemig. Porém, não foi uma mudança que veio de graça, foi o resultado da luta e pressão dos trabalhadores. Emerson avalia que, infelizmente, a solução foi paliativa e reforça o indicativo de sucateamento da ‘Escolinha de Sete Lagoas’, tendo em vista que continua o abandono da política de formação continuada que sempre foi destaque para a Cemig entre as empresas de energia elétrica do Brasil.
Relembre as denúncias: Univercemig jogada às traças; há até larvas na comida e mofo por toda parte
Na gestão Zema na Cemig a precarização se intensificou por toda a empresa e os problemas estruturais e de serviços na UniverCemig só pioraram, chegando a ponto de apresentar uma realidade chocante e de grande risco para a saúde e segurança dos trabalhadores lotados no local e daqueles que frequentam os cursos de treinamento, qualificação e atualização. Com as chuvas do final do ano passado e janeiro deste ano a situação se tornou ainda mais calamitosa.
O Sindieletro mostrou, inclusive com vídeos e fotos, salas e alojamentos com muitas goteiras, a água caindo sobre mesas e computadores, mofo nas paredes e tetos, luminárias quase desabando na cabeça dos trabalhadores, poças de água enormes no chão, rachaduras nas paredes e pintura se desfazendo. Tanta umidade potencializava o risco de curto circuito do sistema elétrico. Nos banheiros havia muita sujeira, com baratas “passeando” pelo chão.
Os trabalhadores da ‘Escolinha’ chegaram a redigir uma carta ao Sindieletro revelando o drama, o descaso e o abandono. “Estamos passando por humilhações desde a nova gestão que iniciou na empresa, no governo Zema”, destacaram. E denunciaram que uma das primeiras medidas dos gestores zemistas foi acabar com a gerência da UniverCemig e unificar a administração com outras em Belo Horizonte. Fizeram vários cortes de investimentos e de pessoal qualificado. Reduziram emmais de 50% o quadro de manutenção (faxina dos alojamentos, prédios de ensino, capina e limpeza da área externa), impondo sobrecarga de trabalho.
Diminuíram o número de instrutores e empregados do administrativo, sem reposição do quadro de pessoal. A equipe de manutenção terceirizada foi toda mandada embora e os contratos de manutenção dos aparelhos de ar condicionado foram encerrados.
Em 2015 havia 20 trabalhadores do administrativo e 27 instrutores, mas agora só tem 7 no administrativo e 17 instrutores.
Refeição de embrulhar o estômago
A gestão Zema na empresa tem sido cobrada a responder a várias denúncias de irregularidades e privilégios para os diretores na CPI da Cemig e não esconde que a prioridade é precarizar para privatizar; essa gestão garantiu um contrato de R$ 1,2 milhão para servir refeição a 15 diretores da empresa, o que resulta em R$ 100 mil por mês para os diretores que comem na Sede da empresa. Eles podem se fartar de caviar, lagosta e camarão. Já na UniverCemig a gestão cortou drasticamente o orçamento com a alimentação. Trabalhadores e trabalhadoras tiveram que amargar uma comida de péssima qualidade, muitas vezes servida estragada. Até larvas já foram encontradas na salada.
Muitas outras mazelas foram impostas aos eletricitários na UniverCemig. Confira todos os demais detalhes: https://bit.ly/3GwaqR9