Há quase dois anos estamos denunciando o grave problema das refeições servidas na UniverCemig, instituição atrelada à Cemig em Sete Lagoas que oferece cursos de qualificação e treinamento. Apesar de diversas intervenções, a situação não parece evoluir. Recebemos, novamente, fotos e vídeos que comprovam a baixíssima qualidade da alimentação oferecida – sem falar na falta de higiene, pois há até mesmo larvas vivas na salada.
A escolinha já foi referência para as empresas do setor elétrico pela qualidade dos cursos ministrados, suas acomodações e refeições servidas. Mas o cenário mudou de figura: ainda em 2019, eletricitários relataram que, após a empresa GRS assumir o restaurante, a comida não era suficiente para todos e qualidade caiu muito. Um dos estudantes afirmou que carne de boi e porco eram “uma raridade”, e as proteínas oferecidas eram, quase sempre, salsicha, fígado ou uma sopa de frango.
No ano seguinte, divulgamos vídeos gravados por estudantes que mostravam a refeição servida: carne e legumes crus e, novamente, larvas vivas na alface. À época das denúncias anteriores, a Cemig tomou medidas; mas parece que não duraram muito. Entramos em contato com o gerente de Relações Trabalhistas e Internas (RH/RT), Brunno Viana, para pedir explicações e resoluções, mas até a publicação desta reportagem, no dia oito de abril, não recebemos resposta.
Comida para alto escalão é bem diferente
As denúncias chegam num momento em que ainda estamos estarrecidos com um assunto semelhante: as refeições, mas as oferecidas ao alto escalão da Cemig. O deputado estadual Rafael Martins (PSD), presidente da comissão de Minas e Energia na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, denunciou uma contratação em cifras milionárias para o almoço de 12 diretores da Cemig, seis secretárias executivas e uma assessora da Diretoria Jurídica.
De acordo com publicação do Diário Oficial do Estado de Minas Gerais, o Serviço Social da Indústria (SESI) foi contratado por R$1.200.000,00, para um ano de atendimento. São, portanto, R$100.000,00 por mês para a alimentação deste grupo.
Fazendo as contas, cada almoço custaria R$230,00. Mas a situação piora: sete diretores não trabalham no prédio da Av. Barbacena, portanto, o valor para cada refeição passa para R$350,00. Esta informação chegou no dia em que noticiávamos o saldo insuficiente para a alimentação em serviço dos trabalhadores de campo da Cemig: são R$62,00 para almoço, lanche e jantar. Muitos trabalhadores pulam o lanche para conseguir comer no fim do dia.
Essa é a gestão Zema: contra os trabalhadores
É mais uma ingerência do governo Zema: enquanto os que trabalham debaixo de chuva e sol, enquanto os que estudam para oferecer serviços cada vez mais otimizados, comem mal, a diretoria pode comer caviar todos os dias – e deixar sobrando no prato. Com a imposição do corte de verbas, o que resta aos trabalhadores é denunciar e esperar que algo seja feito, num momento crítico da pandemia de coronavírus, durante o qual não podemos baixar a imunidade.
Essa é a gestão Zema: apenas o foco na privatização, minando cada vez mais direitos e expondo os trabalhadores de diversas formas num período calamitoso. É obrigação da Cemig acompanhar e garantir que o serviço das empresas contratadas seja realizado de acordo com os critérios de higiene e segurança, primando pela saúde dos eletricitários. Solicitamos a resolução do problema com urgência. Confira no vídeo, abaixo, o nível da comida oferecida: