Gestão da Cemig não quer negociar NADA da pauta de ACT



Gestão da Cemig não quer negociar NADA da pauta de ACT

 Na tarde desta terça-feira (19), às 16h15, começou a 3ª reunião de uma pretensa negociação do nosso ACT 2021/22. A Cemig aceitou o pedido do Sindieletro e praticamente dobrou o tempo da reunião, que durou até às 18h40. O tema do encontro de hoje deveriam ser as relações de trabalho, se esse debate realmente tivesse sido levado a sério. 

No entanto, já no início ficou claro que a gestão da Cemig, representada ali pelo superintendente Brunno Viana e por João Paulo Vaz, gerente de Relações Trabalhistas e Internas, não tem interesse em nenhum tipo de negociação, sobre nenhum ponto da pauta.  

Nosso coordenador-geral Emerson Andrada manifestou sua preocupação com o calendário de reuniões, levando em consideração a falta de tempo hábil para a mobilização da categoria. A prorrogação da data-base foi questionada. Brunno Viana foi evasivo, novamente, ao responder. Transmitindo toda a prepotência da gestão zemista, afirmou que simplesmente não existe uma resposta sobre a data-base e que o assunto está sendo tratado internamente, "com tranquilidade". 

"Se a empresa está tratando o prazo com tranquilidade", começou Emerson, "seria necessário, pelo menos, uma sinalização de que teremos prazo para fazer essa conversa. Senão, precisaremos tomar medidas técnicas e judiciais para garantir. Não podemos ser surpreendidos com a notícia, na próxima semana, de que a data-base não será prorrogada. Não está nada tranquilo para a categoria". Vale lembrar que falta 8 dias úteis para o fim do prazo do ACT vigente.   

  

Usurpação da atuação sindical 

Emerson trouxe ao debate a Cláusula 33 da nossa pauta, que versa sobre a relação sindical. Neste ponto, "reivindicamos que as empresas permitam a ampla e irrestrita participação dos trabalhadores, durante a jornada de trabalho, nas reuniões setoriais e assembleias convocadas pelo Sindieletro, nas dependências da empresa ou fora delas, sem prejuízo do salário" 

"A imposição da empresa traz grave prejuízo para a representação sindical. Ao mesmo tempo que a empresa impede o acesso dos sindicatos aos trabalhadores, a empresa provoca que gerentes façam o mesmo debate", pontuou Emerson. No entanto, Brunno Viana respondeu com a crueldade cortante digna de uma gestão contaminada pelo bolsonarismo: o posicionamento está dado. 

O diretor Fabão relembrou que a prerrogativa exclusiva de debater com os trabalhadores é do sindicato. "Vocês estão usurpando a atividade sindical. A empresa não defende os direitos dos trabalhadores. Vocês precisam ser honestos. Digam que não vão permitir que os trabalhadores discutam com os sindicatos as propostas que vocês enviarem", pediu. 

João Paulo Vaz, ao defender a decisão da gestão da Cemig, trouxe um argumento inacreditável: alegou que o momento da assembleia ou setorial sindical compromete a entrega dos serviços essenciais da Cemig. Aparentemente, a gestão da Cemig tem bola de cristal e só chama os trabalhadores para reuniões quando não é necessário nenhum atendimento à população, não é mesmo? 

Emerson explicou que o tempo do trabalhador fora da empresa concerne à sua vida particular e sofre influência de diversos fatores externos. Mas a atitude taxativa da mesa não mudou; pelo contrário: a partir dali, foi só ladeira abaixo!  

  

Gestão só tem interesse em discutir pós-emprego 

Percebendo a estratégia passivo-agressiva dos representantes da empresa, que não respondiam a nenhuma solicitação diretamente, Emerson sugeriu que os próprios trouxessem os pontos da pauta que estariam abertos a debater. Brunno respondeu que a gestão tem disponibilidade para tratar sobre a primarização, mas apenas condicionada à uma discussão sobre o "custo pós-emprego".  

A gestão também manifestou interesse em debater sobre o passivo trabalhista, mas sem se aprofundar no cerne do problema. Isso mesmo: dentre os 17 itens de pauta concernentes às relações de trabalho, a gestão só tem interesse em falar sobre dois deles — e sob a condição de continuar imprimindo perdas aos trabalhadores. 

O que se seguiu foi uma discussão acalorada, na qual os representantes dos sindicatos presentes repudiavam o teatro da negociação apresentado pela gestão. Durante este tempo, Brunno e João Paulo apenas intervinham para fazer declarações concisas; quando não totalmente evasivas, as palavras usadas eram truculentas e sequer respondiam ao que os representantes sindicais questionavam.  

Se antes já era clara a intenção, agora ficou escancarado: a gestão da Cemig não quer negociar. Não existe uma negociação em curso. Portanto, o Sindieletro já se prepara para buscar outros meios, principalmente para resolver sobre as decisões tomada com o intuito de coibir o exercício sindical. "Essa prática de não escutar as reivindicações do sindicato acabou gerando a CPI da Cemig. É bom lembrar que uma ação coletiva já foi uma tentativa de negociação", alertou Emerson.  

A política bolsonarista, por meio do governador Romeu Zema, está impregnada na gestão da Cemig e tenta contaminar o nosso Acordo Coletivo. Não vamos deixar. Nossa indignação será traduzida em movimentação por todas as esferas possíveis e necessárias. Vamos levar essa indignação, principalmente, para as assembleias da categoria e para o povo.    

Nesta quarta-feira (20), às 16h, a pretensa reunião tratará sobre saúde e segurança. Logo depois, vamos agendar setoriais de assembleias para tratar sobre os próximos passos do nosso ACT. 

item-0
item-1
item-2
item-3