Enquanto o presidente e diretores da Cemig são privilegiados com um restaurante exclusivo na sede da empresa, com um contrato anual (2021) de serviços ao custo de R$ 1,2 milhão, só para servir refeições a um grupo reduzidíssimo de pessoas, os trabalhadores e trabalhadoras que frequentam cursos na UniverCemig (Escolinha de Sete Lagoas), amargam, há dois anos, uma realidade absurda e chocante: a baixíssima qualidade da comida no local é de embrulhar o estômago. Até larva já foi encontrada na salada.
Há cerca de dois anos, o Sindieletro recebe denúncias da situação no restaurante da UniverCemig, com a comida servida de péssima qualidade e com higiene duvidosa. Desde então, cobramos solução da gestão da empresa, mas nenhum retorno ainda foi dado. Trabalhadores que estão participando de curso no local informaram que é o restaurante Moinho o responsável por servir a comida; o estabelecimento é muito conhecido e prestigiado em Sete Lagoas. Porém, na UniverCemig esse restaurante já é reconhecido como o que serve comida de péssima qualidade e até estragada.
A mais recente denúncia chegou esta semana. Alguns trabalhadores que estão frequentando curso na UniverCemig revelaram que o café da manhã é um pão de sal ou pão de doce com apresuntado e queijo jogados em um saquinho (veja foto). A comida do almoço traz bifes “borrachudos”, carne moída com mais soja que carne, arroz, feijão e legumes sem tempero. Para o jantar, recentemente a comida foi servida estragada. Vários trabalhadores, ao abrirem o marmitex, perceberam um forte mau cheiro. Agora, ninguém quer jantar e os trabalhadores que podem pagar pela refeição fora encomendam marmita de restaurantes na região. Os que precisam economizar para pagar as contas são obrigados a se sujeitar, com risco de até adoecer com intoxicação alimentar.
“Como a gestão da Cemig deixou chegar a essa situação? Os gestores não fornecem o ‘chequinho’ para comer fora, com a justificativa de que temos um restaurante disponível, mas estamos sendo maltratados e até correndo o risco de uma intoxicação alimentar aqui na escola, porque a higiene não é boa”, criticou um companheiro eletricitário. Outro disse que ninguém mais janta, e vários colegas estão comprando marmitex fora da UniverCemig. “Eu posso pagar, mas muitos não podem sem passar aperto”, acrescentou.
Flagrante de larva viva na comida
Em abril deste ano, o Sindieletro divulgou em suas mídias, com texto, vídeo e fotos, a situação chocante e calamitosa no restaurante da UniverCemig. Um trabalhador flagrou uma larva viva na salada, fotografou e filmou.
Na época, alguns trabalhadores relataram que a carne de boi e porco eram “uma raridade”, sendo substituídas por salsicha, fígado e sopa de frango. Muitas vezes a carne e os legumes estavam crus e não era incomum encontrar larvas vivas na alface.
Cobramos da gestão da Cemig uma solução para a situação vergonhosa. Não houve resposta. Continuamos aguardando.
Refeições de altíssima qualidade para a diretoria, ao preço de caviar e lagosta
Estarrecedor também é constatar que na UniverCemig os trabalhadores e trabalhadoras continuam fazendo suas refeições com comida de baixíssima qualidade, de embrulhar o estômago, enquanto as refeições oferecidas para o alto escalão da empresa têm custo milionário. Esse privilégio foi até denunciado pelo deputado estadual Rafael Martins (PSD), presidente da comissão de Minas e Energia na Assembleia Legislativa. Ele denunciou que o contrato para o serviço no restaurante da Sede da Cemig custou R$ 1,2 milhão para servir 12 diretores, seis secretárias executivas e uma assessora da Diretoria Jurídica, durante este ano de 2021.
O Serviço Social da Indústria (SESI) obteve o contrato. Fazendo as contas, dão R$ 100 mil por mês para a alimentação de 19 pessoas. O almoço sai por R$ 230 para cada um, diariamente. Porém, sete diretores não trabalham no prédio da avenida Barbacena, portanto, se eles não comem no local, a refeição custa R$ 350 para cada um. Qual será o cardápio dessa turma? Caviar? Camarão? Lagosta?
Além da situação chocante em Sete Lagoas, o valor da alimentação para os eletricitários e eletricitárias em serviço de campo é de R$ 28. E quando cobramos o aumento desse valor, a empresa diz que não tem recursos.
Gestão Zema na Cemig é de foco na privatização, nos privilégios e precarização
A CPI da Cemig tem exposto as mazelas, os interesses escusos, a influência do partido Novo (que novo?), os privilégios aos gestores, os contratos de milhões sem licitação, a arapongagem, os assédios e o clima de terror contra a categoria eletricitária na empresa. Tudo isso é resultado da gestão de Romeu Zema na Cemig, que insiste em desmontar e atacar os direitos dos trabalhadores para privatizar a empresa.
Não aceitamos e continuamos na luta, por dignidade, em defesa dos trabalhadores e da Cemig. Fora, Zema!