Ameaças e discriminação contra a equipe de Rede Subterrânea



Ameaças e discriminação contra a equipe de Rede Subterrânea

O Sindieletro recebeu graves  denúncias de trabalhadores da Rede Subterrânea que atuam na gerência MD/MM, na base Itambé, em Belo Horizonte. As denúncias envolvem uma gestão que impõe discriminação, pressão por produtividade sobre a equipe de Média Tensão, privilégio para alguns setores e outras equipes, e até solicitação para que os eletricistas lavem equipamentos de proteção individual (EPI) que deveriam ser descartados.

Pelas regras de segurança, as luvas de vaqueta, usadas para acionar registros e operações mais pesadas da equipe da RDS, devem ser descartadas após o contato com óleo de transformador, que é tóxico. Mas o Sindicato foi informado que o engenheiro responsável, Kildary de Melo Paula, chegou a orientar que as luvas deveriam ser lavadas e reaproveitadas pela equipe.

Um eletricista conta que, quando faltou esse EPI, o coordenador (Kildary de Melo Paula) disse que a falta era por conta do descarte. Felizmente, ninguém aceitou adotar uma medida fora da Instrução Técnica. Depois da recusa, o engenheiro teria pedido para que a equipe de Média Tensão andasse com álcool na caminhonete para limpeza da luva, e, inclusive, entrasse com ela nas câmaras fechadas, espaço com alto risco de explosão.

Perseguição e cobranças sem sentido

Apesar de todo o trabalho ser feito em equipe, eletricistas denunciam que o engenheiro responsável cobra produção individual de quem atua em campo e de forma discriminatória. A situação se torna ainda pior, por conta do comportamento do engenhei ro gestor (e até de supervisor) ao cobrar produção: “Kildary de Melo trata os trabalhadores de forma discriminada, com perseguições contra vários eletricistas da Rede Subterrânea que vão a campo. No escritório, o comportamento dele é diferente, lá o trabalho flui tranqüilo, sem pressão e perseguições. Os eletricistas que “ralam” nas galerias são submetidos a chamadas de atenção e julgamentos sem critérios claros e justos”.

De acordo com as informações, há cinco equipes da RDS, mas a que está na mira da chefia com discriminação e pressão por  produtividade é a da Média Tensão (MT). Um eletricitário da área critica que é duro e muito injusto constatar que nem todos são tratados igualmente pelo ges tor, o que criou uma divisão entre os trabalhadores: há os que são humilhados e excessivamente cobrados, enquanto outros, geralmente os que desempenham, informalmente, o papel de supervisão no setor administrativo, são poupados. “Queremos o mesmo tratamento de respeito para todos, sem perseguição”, destacou um eletricitário.

Ainda segundo relatos, a cobrança em cima da equipe de MT por produtividade é muito maior do que a de outros setores da RDS e até da própria Cemig, no Estado, sem que os eletricitários tenham conhecimento das metas ou controle sobre a sua produção.

Um eletricista destaca o mal estar provocado por comparações que o engenheiro costuma fazer da produtividade da equipe do quadro próprio com empreiteiras. “Várias vezes somos nós que corrigimos os problemas nas intervenções feitas pela empreiteira. O engenheiro deveria estar preocupado com os prejuízos que a Cemig e a população têm com o retrabalho”.

E tem mais grosserias...

Recentemente, uma equipe fez um serviço de ligação provisória numa ocupação no Centro de BH com a presença de um superintendente da Cemig, que gostou do serviço e pediu ao engenheiro responsável que elogiasse a  equipe  na reunião de segurança. “O engenheiro passou o recado, porém, disse para a gente pegar como exemplo de motivação o pessoal lá da ocupação, que não tem emprego e nem onde morar. Que deveríamos ser gratos e não reclamar e, infelizmente, a Cemig só tem isso a oferecer agora e quem não está satisfeito pode procurar outras alternativas, fazer outro concurso”, desabafa um eletricista. 

Outra informação é que, a produção é medida pelo número de Unidade de Serviço (US) e, “por isso, quem fica no escritório não é cobrado”. “Os chefes da Rede Subterranea são tão despreparados que mostram os números de nossa produção para quem quiser ver”, denuncia um eletricista. Além disso, é o supervisor o responsável por dar baixa na Unidade de Serviço e contabilizar a  produção, mas ocorre que essa baixa pode ser feita também por eletricista que está no escritório, ou pelo técnico. E, muitas vezes, a US nem é validada e assinada pelos responsáveis.

Há ainda determinação para que trabalhadores atuem como supervisores ou com status semelhante, com carta branca, sem preparo profissional ou critérios claros para exercer a função. Um trabalhador da RDS conta que tem eletricista III cobrando de eletricista I ou II, o que causa impacto na avaliação de desempenho. “Essa pressão desmotiva ótimos profissionais que desistem do setor e pedem transferência”, diz o eletricista.

Remuneração sem critério

A equipe questiona também a falta de critérios da gestão para horas extras e sobreaviso. Criou-se a situação discriminatória e muito constrangedora que divide os trabalhadores: uns realizam horas extras, tranquilamente, com compensação. Outros são criticados e cobrados quando fazem e compensam.

No sobreaviso, um trabalhador diz que pessoas são escolhidas a dedo, e citou um exemplo de injustiça: “Eles precisavam de quem possui carteira D. Vários trabalhadores se dispuseram a tirar a carteira D, mas foram preteridos em função de outras pessoas, à escolha deles, para fazer sobreaviso. Ou seja: as pessoas se colocam à disposição e aí eles mandam outros tirarem carteira no lugar? Que gestores são esses?”.

Outra denúncia é que, se gastam muito com hora extra, fazem corte no sobreaviso. Mas continuam os casos de excesso de horas extraordinárias sem necessidade. “Pedimos explicação ao  engenheiro e supervisores, mas deram a entender que ‘os bons de serviço’ são convocados, em mais um tratamento diferenciado. Tem gente com ótima avaliação de desempenho que não é escalada para sobreaviso. Falta democracia e muita gente não é vista e nem lembrada por quem deveria motivar a equipe e garantir um ambiente de trabalho saudável”.

A decisão dos gestores de direcionar as horas extras para grupos de trabalhadores já foi, inclusive, denunciado na Ouvidoria da Cemig, mas nenhuma providência foi tomada.

Outro eletricista reclama da falta de revezamento nas atividades. “Existem várias equipes, mas somente uma está fazendo o serviço de campo, sobrecarregada com tantas demandas para atender, dentro da jornada. Porém, na hora da necessidade de horas extras e sobreaviso, a equipe de campo é cortada. Isso é discriminação da coordenação. Cobramos tra- tamento justo e respeitoso”, denuncia outro trabalhador.

Segurança em risco

A segurança dos trabalhadores que precisam se deslocar também está na corda bamba. Uma Montana que estava com freio de mão estragado continuou sendo usada mesmo após identificado o problema. Em reunião da CIPA, o setor de manutenção da RDS avisou sobre o defeito e foi informado que já estava aberto um chamado para o conserto. Mas se constatou que, até o chamado ser atendido, a Montana rodou.

Uma Iveco sem luz de ré rodou com o problema, até a lâmpada ser trocada. Nesse veículo, a carroceria está com gavetas emperradas, prateleiras quebradas e prego para fora.

Outro problema é o uso de um dispositivo como suporte da chave suspensa pela equipe de Média Tensão.  Há situações em que  o trabalhador fica debaixo da peça. Não se sabe se o concreto suporta o peso. Em algumas câmaras não é possível colocar escada e, muitas vezes, os trabalhadores são obriga dos a trabalhar em cima das chaves de média tensão, mesmo elas sendo fixadas no chão.

Em reunião da CIPA, foi entregue um parecer técnico para o uso do suporte. No entanto, de acordo com a diretora do Sindieletro e representante dos empregados  na Comissão, Elisa Novy, não houve estudo da segurança de fixação deste suporte na parede. “O memorando do parecer foi entregue em mãos, mas não localizamos o documento na Intranet”.

Engenheiro não faz contato

A reportagem tentou, insistentemente, contato com o engenheiro Kíldary de Melo, mas não obteve sucesso. Continuamos abertos, para que ele apresente sua versão.

Na avaliação da direção do Sindieletro, todas as denúncias devem ser apuradas o mais rápido possível, com o fim imediato  da discriminação e dos procedimentos que colocam em risco a saúde e segurança dos trabalhadores.

 


 

 

 

 

 


 


 

 

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