Ameaça de venda de prédio e de transferências revolta trabalhadores do São Gabriel



Ameaça de venda de prédio e de transferências revolta trabalhadores do São Gabriel

Sindieletro recebeu a denúncia de que a importante base operacional do São Gabriel estaria prestes a ser vendida e fechada pela gestão da Cemig. A informação que circula na base é que o prédio do São Gabriel, em Belo Horizonte, estaria em processo de avaliação para ser leiloado e os trabalhadores do local seriam transferidos para o Anel Rodoviário.

Extraoficialmente, a diretoria do Sindieletro questionou o RH/ RT sobre a possível venda, já que o setor seria responsável pela realo- cação dos trabalhadores. “Do gerente Bruno Vianna, recebemos a informação de que não procede [a venda], mas cobramos um posicio namento oficial da empresa, já que, na base, os rumores seguem fortes, inclusive com relatos de visitas da gerência de imóveis da Cemig”, explica Jefferson Silva, coordenador Geral do Sindieletro.

Os trabalhadores do São Gabriel seguem apreensivos e preocupados. Apesar da negativa do RH/ RT, tudo indica que a Cemig está agindo nas sombras, sem diálogo e transparência para viabilizar a venda do imóvel. “Falam uma coisa lá e outra aqui. Só este ano, já esteve aqui, umas quatro vezes, gente da gerência de imóveis para fotografar, medir o terreno e avaliar os móveis”, afirma um eletricitário.

Jairo Nogueira Filho, dirigente da CUT/MG, diretor do Sindieletro e da base do São Gabriel, avalia que se os rumores se confirmarem, ainda seriam uma verdadeira irresponsabilidade e inconsequência da Cemig. “Pelo tamanho do prédio do Anel Rodoviário, não seria sequer possível receber confortavelmente os trabalhadores daqui”.

Para o Sindicato, caso o rumor da proposta de venda se confirme, existem esclarecimentos imprescindíveis que deverão ser feitos pela gestão da empresa. Assim como no caso do fechamento das localidades no interior, onde estão os estudos de viabilidade? E as justificativas técnicas de uma mudança como esta? Por que o RH/RT diz que não há processo de venda em curso e os eletricitários afirmam que pessoas da gerência de imóveis trabalham a todo vapor na avaliação do local? Com a palavra, a gestão da empresa...

'Estamos falando de gente aqui'

Além dos aspectos técnicos e financeiros que a Cemig tem obrigação de apresentar para em caso de uma possível venda, há o fator humano que não pode ser desconsiderado ou preterido. Vender o prédio do São Gabriel vai mexer drasticamente com a vida de dezenas de trabalhadores e trabalhadoras: mudanças na rotina familiar, aumento na distância e tempo de deslocamento até o local de trabalho, entre outros.

O Sindieletro ouviu os eletricitários do local e traz, a partir de hoje,  uma série com depoimentos dessas pessoas. Entre considerações sobre os impactos da possível mudança e avaliações sobre o atual cenário, uma coisa é clara: estamos dispostos a lutar pelos direitos dos trabalhadores.

Para evitar qualquer represália ou retaliação, não revelaremos a identidade ou função desses eletricitários.

"Eu ouvi entre os colegas que estão querendo vender o terreno aqui do São Gabriel e nós não somos consultados. É um desrespeito conosco, porque quem construiu isso aqui foi a gente que está no local há mais tempo. Queria que tivesse um pouquinho mais de prestígio, de consideração, principalmente porque tem muita coisa, tem uma história aqui dentro do São Gabriel.”

"Eu não sei os propósitos, o que a Cemig pensa a respeito disso, mas eu acho que nós temos forças, sim, para resistir. E juntos, acho que conseguimos reverter essa situação que está impactando muito negativamente na vida de todos nós. Eu acho que vamos resistir e vamos tentar uma outra alternativa para isso. E a alternativa boa é permanecer aqui, claro.”

"A gente tinha que lutar para tentar manter isso aqui, até por causa da história do São Gabriel, as condições, principalmente dentro da empresa de querer melhorar o caixa, essa coisa toda, eu acho que, em um primeiro momento, não dependeria de venda daqui. Existem outros mecanismos, outros meios, de a gente ajustar isso. Eu acho que o trabalhador defender o São Gabriel é uma questão até de dignidade nossa mesmo.”

NO SÃO GABRIEL há cerca de 100 trabalhadores atendendo 770 mil clientes na região.

 

 

 

 

 

 

 

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