A ausência não justificada do diretor-presidente da Cemig, Cledorvino Belini, em audiência pública realizada na terça-feira (20/8/19) pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) motivou a aprovação de um requerimento para sua convocação em nova reunião. O requerimento foi aprovado na própria terça-feira pela Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social.
A audiência pública da terça discutiu o impacto do possível fechamento da base operacional da Cemig no Bairro São Gabriel, em Belo Horizonte. Autora do requerimento para realização da reunião, a deputada Beatriz Cerqueira (PT) criticou duramente a ausência de representante da Cemig. “Lamento a postura da Cemig, que é de desrespeito ao Poder Legislativo”, afirmou.
O presidente da Comissão do Trabalho, deputado Celinho Sintrocel (PCdoB), e o deputado Betão (PT) também criticaram a ausência e acompanharam Beatriz Cerqueira na apresentação e aprovação do requerimento para o comparecimento obrigatório do principal dirigente da estatal mineira.
Os três parlamentares, assim como os convidados presentes, afirmaram que o fechamento das bases operacionais é uma estratégia para precarização dos serviços de manutenção de maneira a convencer a população a aceitar a privatização da Cemig. “É uma política de piorar o serviço público para colocar a população a favor da privatização”, acusou o deputado Betão. A legislação mineira estabelece que a privatização da empresa deve ser precedida por consulta à população.
De acordo com o coordenador-geral do Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais (Sindieletro), Jefferson Leandro Teixeira da Silva, desde fevereiro de 2019 foram fechadas 54 bases operacionais da Cemig em todo o Estado. “O fechamento leva a uma condição de manutenção extremamente precarizada e vai dar problema em todos os locais do Estado”, afirmou.
O prefeito de Jaboticatubas (Região Metropolitana de Belo Horizonte), Eneimar Marques, participou da reunião desta terça e criticou o fechamento da base da Cemig naquela cidade, ocorrido em 2018. Ele afirmou que isso já prejudicou o atendimento à população.
Unidade é responsável por atendimento a centenas de milhares de consumidores
De acordo com os participantes da reunião, o fechamento de São Gabriel estaria previsto para setembro. “Só no vetor norte (da Região Metropolitana) de Belo Horizonte, 700 mil consumidores são atendidos por São Gabriel. Dizem que há os terceirizados, mas sabemos que eles não têm a mesma condição de trabalho”, afirmou Jefferson Silva.
Para a deputada Beatriz Cerqueira, é necessário evitar o fechamento da unidade de São Gabriel para interromper um processo de privatização que trará muito prejuízo não só para os trabalhadores demitidos, mas também para a população, em decorrência do aumento da tarifa de energia elétrica.
Trabalhadores e sindicalistas participaram da reunião na Assembleia - Foto: Flavia Bernardo
“A luta contra o fechamento de São Gabriel é uma luta de todos”, afirmou a deputada. “Há um discurso raso e falso de que tudo o que é público é ruim e tudo o que é privado é bom. A Vale é o melhor exemplo do que é privado”, argumentou Beatriz Cerqueira, em referência aos rompimentos de barragens de rejeitos de minério, que causaram centenas de mortes e imenso prejuízo econômico, social e ambiental.
O diretor do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais, Jairo Nogueira Filho, afirmou que há 115 trabalhadores na base São Gabriel. Ele afirmou que o fechamento interessa apenas aos eventuais compradores da Cemig em uma futura privatização, uma vez que a precarização do serviço abaixaria o preço da empresa no mercado.
Ao final da reunião, a deputada Beatriz Cerqueira afirmou que já um requerimento aprovado para uma visita parlamentar à base operacional da Cemig em São Gabriel. Segundo ela, essa visita deverá acontecer na próxima semana. Em seguida, deverá ser agendada a reunião para ouvir o presidente da estatal, desta vez como convocado, e não como convidado.
Fonte: portal da Assembleia Legislativa de Minas