Audiência sobre o São Gabriel: lamentamos que a categoria fique sem resposta do presidente



Audiência sobre o São Gabriel: lamentamos que a categoria fique sem resposta do presidente

Dia 20 de agosto foi um dia de reforço à luta contra a privatização e fechamento de bases operacionais da Cemig, com foco no debate sobre o São Gabriel. Também foi dia de decepção com o presidente da Cemig, Cledorvino Belini, que, mais uma vez, não compareceu à Assembleia Legislativa de Minas para debater as decisões da empresa de fechar localidades e defender a privatização. Além do presidente, nenhum outro gestor da estatal apareceu.

A audiência foi realizada pela Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da ALMG, a pedido da deputada Beatriz Cerqueira (PT), atendendo a uma solicitação do Sindieletro para a Assembleia discutir o assunto.

 A ausência injustificada de Cledorvino Bellini teve uma resposta: a Comissão aprovou requerimento com convocação do presidente da empresa para uma reunião na ALMG. A Assembleia quer  esclarecimentos das decisões que estão claramente levando a mais sucateamento da Cemig.

A Comissão também aprovou uma visita técnica dos deputados ao São Gabriel. Os parlamentares presentes na audiência destacaram o apoio à luta dos eletricitários contra a privatização, o fechamento do São Gabriel e outras bases operacionais.

Protesto

Beatriz Cerqueira protestou contra a recusa do presidente da Cemig em participar da audiência. “A falta de representante de uma estatal do tamanho da Cemig, pela segunda vez este ano, demonstra desrespeito com os trabalhadores e com o Legislativo. Esse fato nos causa mais indignação porque audiência pública é instrumento de escuta da população”, afirmou. A deputada também criticou a política do governador Romeu Zema para com as estatais, em especial a Cemig. “Estamos diante de um governo que deprecia seu patrimônio para se desfazer dele. Essa luta contra o fechamento do São Gabriel não é de um território, vai além, é uma luta de todos.”

Trabalhadores e população sem resposta

O coordenador geral do Sindieletro, Jefferson Silva, também questionou a ausência do presidente e de outros representantes da  Cemig. Ele lamentou que, novamente, a direção da empresa deixou os trabalhadores e a população sem respostas para as várias indagações que o Sindieletro faria.

Jefferson revelou que desde fevereiro de 2019 foram fechadas 54 bases operacionais da Cemig, no Estado. “O fechamento leva a uma condição de manutenção extremamente precarizada e causa  problemas em todos os locais do Estado”, afirmou. Ele lembrou que a Cemig já recebeu o prêmio de melhor empresa de energia do Brasil pela qualidade do serviço prestado, mas as políticas de mercado fizeram com que perdesse a premiação.

Segundo o coordenador, no passado, a categoria eletricitária conseguiu com o diálogo evitar o fechamento de 50 localidades,  mas, no atual governo não há mais conversas, as decisões chegam como um trator. A política de fechamento, acrescentou, já traz impactos econômicos para todo o Estado e, agora, a Grande BH vai começar a sofrer mais se o São Gabriel for desativado.

Ele observou que o Marco Regulatório do setor elétrico estabelece que o DEC (indicador que mede o tempo em que o consumidor fica sem energia) não pode ficar acima da meta por dois anos consecutivos, sob risco da distribuidora perder a concessão. E a Cemig já corre sério risco de não alcançar a meta, por insistir na política de fechamento de bases operacionais.

Ainda de acordo com Jefferson, cerca de um milhão de consumidores serão prejudicados com a precarização do trabalho que atende o Vetor Norte e municípios adjacentes, que é o caso do São Gabriel. “No período chuvoso será ainda mais precário o pronto atendimento, na contramão do que Juscelino e Itamar planejaram. O fechamento do São Gabriel e outras bases operacionais pode gerar o caos no sistema elétrico, inclusive com risco de acidentes com a população. Estamos lutando contra o fechamento de localidades e a privatização, essa luta é importante para a população”, alertou.

Já o diretor do Sindieletro na base do São Gabriel, Eduardo Pereira de Almeida Júnior, mostrou vários problemas que serão criados com o fechamento do local. Segundo ele, os trabalhadores terão deslocamento muito maior, dificultando ainda mais o atendimento. O impacto envolve também o meio ambiente, visto que o São Gabriel oferece ao bairro onde se situa uma extensa área verde.

Passando a perna na ALMG

O diretor do Sindieletro e secretário geral da CUT Minas, Jairo Nogueira Filho, afirmou que a direção da Cemig “está passando a perna na Assembleia Legislativa”  ao tentar vender o São Gabriel. Ele justificou que toda a Cemig, com seus imóveis, é patrimônio do povo mineiro e, portanto, se vender o São Gabriel tem que pedir autorização à ALMG. “A empresa está fazendo a privatização aos pedaços ao vender seus imóveis”, advertiu.

Outro diretor do Sindieletro, Vander Meira, destacou que ele tem 33 anos de Cemig e “nunca vi o desrespeito que estamos vivendo”. Vander lembrou que com a atual gestão da empresa o Sindicato não tem mais respostas da estatal para os seus ofícios com pedido de reuniões, debates e tampouco audiências públicas. “Gostaria de saber por que o presidente da Cemig não se manifesta quando o governador diz que a empresa è ineficiente?”, questionou.

Joceli Andrioli, da Coordenação Nacional do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), cobrou que a Cemig faça investimentos com os recursos que arrecada com a conta de luz. E que se privatizar toda a sociedade vai pagar muito mais pelos serviços. Ele advertiu também que a venda da empresa pode custar mais vidas que o crime da Vale, porque com o lucro acima da vida, as barragens das usinas ficarão sem manutenção, sem falar nos riscos de acidentes potencializados pela rede elétrica precária.

O prefeito de Jaboticatubas, Eneimar Adriano Marques, esteve presente e esclareceu que a cidade é atendida pela base do São Gabriel. Ele destacou que se fechar o São Gabriel, a economia do município será afetada, lembrando que Jaboticatubas se sustenta por suas inúmeras granjas.

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