Série: Saúde mental no trabalho
A saúde mental e a pandemia
Abrimos a série trazendo alguns aspectos sobre o impacto da pandemia sobre a saúde mental dos trabalhadores e trabalhadoras. É fato que estamos atravessando um momento difícil e desafiador. Em um cenário de sequenciais perdas de direitos, o impacto da pandemia extrapola os riscos propriamente biológicos do próprio vírus.
Como o psicanalista Joel Birman afirma, vivemos a pandemia do medo e isso tem consequências para nossa saúde mental. Estudos ainda iniciais mostram o aumento dos transtornos mentais decorrentes da pandemia. Ansiedade, depressão, pânico e angústia passaram a ser companhias diárias das pessoas.
As incertezas, o futuro duvidoso e as crises sociais e financeiras instaladas alimentam o adoecimento da classe trabalhadora. A ameaça da perda do emprego, as novas formas de trabalho e as novas formas de produtividade e controle podem, também, estar no cerne do surgimento de transtornos psíquicos.
Estudos anteriores demonstraram que, em épocas assim, pessoas que já estavam lidando com algum transtorno mental tiveram seus quadros agravados, e pessoas que nunca manifestaram quaisquer sintomas passaram a apresentar sinais de adoecimento.
As medidas de contenção da própria pandemia são fatores de risco para adoecimentos mentais. O que era rotina antes, como o contato próximo com colegas de trabalho, o compartilhamento de espaços, as conversas nos corredores e os cafezinhos, foi drasticamente alterado pela necessidade do distanciamento social. O coletivo, que antes era uma das fontes importantes de sociabilidade e saúde no trabalho, foi afetado.
A quarentena pode resultar em transtornos de estresse pós traumático, ansiedade e quadros depressivos. Além disso, as pessoas estão confusas e desamparadas. Não há certeza sobre quando tudo isso acaba. As preocupações com o fim da pandemia, com o suprimento de recursos, com o próprio futuro e o emprego, são, também, obstáculos para a saúde mental.
O home office também é outro fator desafiador. Muitas pessoas se dizem adaptadas, no entanto, novas formas de controle de produtividade dos indivíduos foram instauradas: controle por aplicativos, cobranças exacerbadas, o uso do constrangimento para exigir que se assumam compromissos que extrapolem o horário usual de trabalho, entre outros fatores.
Ainda há outros problemas: o malabarismo das mulheres para combinar trabalho e as tarefas domésticas, majoritariamente executadas por elas em função de um machismo estrutural, por exemplo. A longo prazo, tudo isso pode culminar em quadros que comprometam a saúde mental.
É fato que nossa saúde mental está em risco e, mais do que nunca, precisamos estar atentos a nós mesmos e àqueles ao nosso redor, mesmo que virtualmente. Por isso, estabeleça uma rotina de conversas, mesmo que online, com colegas de trabalho. Organize seu dia de trabalho, dialogue com familiares e amigos. É preciso que nos mantenhamos atentos às medidas de contenção da COVID-19, embora seja desafiador para nossa saúde mental.
O isolamento ainda é a medida mais eficaz. Mas para aqueles que não podem permanecer em casa, os protocolos de proteção, como o uso de máscara, a higienização das mãos e o distanciamento social devem ser seguidos com mais afinco ainda.
E não se esqueça: procure o Sindicato. Nossa psicóloga do trabalho está pronta para acolher virtualmente os trabalhadores e trabalhadoras!
Essa série é composta por três publicações que trarão alguns pontos de reflexão sobre a saúde mental e o trabalho. Estamos abertos às sugestões de debate e reflexão de toda a categoria! Enviem-nos propostas pelos canais de comunicação do Sindieletro!