Terceirização: assédio, demissão em massa e polícia no Quarteirão 14



Terceirização: assédio, demissão em massa e polícia no Quarteirão 14

Empreiteira Quality demite todos os seus 21 trabalhadores no Quarteirão 14 após ato de solidariedade dos eletricitários contra a demissão de uma colega que cobrou respeito quanto a tratamentos preconceituosos...Gestão da Cemig tapou os olhos, os ouvidos, a boca e o nariz. A estatal se calou diante de todos os absurdos. Inclusive sobre a presença da polícia no Q14.

A Quality, empreiteira que presta serviços para a Cemig no Quarteirão 14, é a síntese brutal da terceirização na estatal, e tudo com a conivência do RH/RT, da gerência GR/MP, da GR e da  diretoria da empresa.

Tudo começou quando uma trabalhadora foi demitida após cobrar respeito no ambiente de trabalho e denunciar abusos de outros colegas de equipe. Há vários relatos de que os  mpregados
vinham sendo tratados com desrespeito e humilhados com palavras preconceituosas como: “mulherzinha”; “bom dia, macacada”; “cara de bunda”; e “vou fazer da sua vida um inferno”. Quem cobrou respeito foi demitido e todos que prestaram solidariedade também foram dispensados.

A dispensa aconteceu na sexta-feira (13), após uma semana de protestos e um ato de solidariedade promovido pelos eletricitários do Q 14, em conjunto com a equipe da Quality, contra 
as injustiças, o assédio moral e a demissão arbitrária de uma trabalhadora.

E o que fez a Cemig? Lavou as mãos em relação às perversidades da Quality. De acordo com relatos os trabalhadores, eles foram impedidos de entrar no Q14 na segunda-feira (16) para assinar o aviso prévio. 

Caso de polícia

Só depois de muita pressão, foi liberada a entrada de dois trabalhadores de cada vez. E a Quality ainda tentou impor a assinatura do aviso prévio com data retroativa ao dia 13, do
contrário, não liberaria as carteiras de trabalho.

De acordo com relatos dos trabalhadores, quem não aceitou assinar o aviso com data retroativa, foi demitido e a empreiteira reteve as carteiras de trabalhos de todos. Ainda, conforme informações dos trabalhadores, a diretora da Quality, Fernanda Rocha, acionou a Policia Militar sob a alegação de que estava sendo ameaçada de morte e mantida em cárcere privado.

A atitude intempestiva da diretora causou revolta nos trabalhadores, que ainda foram encaminhados à Delegacia de Policia para colher depoimentos. Ao final, na delegacia, ficou muito claro que em nenhum momento houve ameaça por parte dos trabalhadores.

Uma relação muito estranha

Uma trabalhadora demitida resumiu muito bem a suspeita relação entre a Cemig e a empreiteira: “Parece que é a Cemig que presta serviço para Quality, não o contrário”.

A empresa anterior que fazia o serviço de recuperação de receitas para a Cemig era a MG Setel, cujo contrato venceu em outubro de 2017. Porém, existem suspeitas de que a Quality, empresa vencedora da licitação, pertence aos mesmos donos.

De acordo com informações de uma trabalhadora demitida, todos os empregados que continuariam na Quality foram escolhidos pelo responsável da Cemig pela gestão do contrato. Foi exigido que os empregados assinassem o aviso prévio retroativo, mas os trabalhadores não aceitaram. Com essa recusa, o contrato da MG Setel foi prorrogado até abril, quando a Quality assumiu as atividades, e os trabalhadores foram recontratados informalmente, sem registro na carteira.

Com a demissão arbitrária de uma trabalhadora, a paralisação da equipe cobrando respeito e o ato de solidariedade dos eletricitários do Quarteirão 14, no dia 12, a empreiteira assinou os contratos de trabalho, mas logo em seguida demitiu todos os trabalhadores.

O Sindieletro está acompanhando o caso e existem suspeitas de mais irregularidades na relação entre a Cemig e a Quality. O Sindicato cobra respeito aos trabalhadores, transparência nos contratos e atitude da Cemig para garantir relações de trabalho civilizadas.

O gerente de RH-RT, Brunno Viana, foi procurado para explicar a situação e como a Cemig pretende atuar para evitar o agravamento dos problemas na empreiteira. Bruno disse que tem conhecimento dos conflitos na Quality, mas que, apesar da complexidade dos fatos, “não tem como a estatal interferir nas contratações e demissões e nem nos problemas ocorridos fora do espaço da Cemig. Nós só podemos cobrar o cumprimento do contrato”, diz.

Para o Sindieletro, a resposta não faz sentido pois os problemas ocorreram dentro da Cemig e mais uma vez fica evidente a omissão da Cemig que encobre problemas graves nas relações de trabalho nas empreiteiras que contrata.

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