Sem salário educação cruza os braços



Sem salário educação cruza os braços

Trabalhadores da rede estadual de Minas Gerais ainda não receberam seus pagamentos na íntegra este mês. Conforme decisão do 11º Congresso Estadual do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), a categoria está paralisada e promete voltar ao trabalho assim que os pagamentos forem realizados.

No último dia 5, o Governo do Estado anunciou que o pagamento do funcionalismo público seria realizado em três parcelas, seguindo critérios já adotados anteriormente: servidores com salário até R$ 3 mil receberiam integralmente, servidores com salário até R$ 6 mil receberiam metade desse valor e o restante na segunda parcela, e os servidores com salário acima de R$ 6 mil receberiam uma parcela de R$ 3 mil, uma segunda parcela de R$ 3 mil e o restante na terceira parcela.

Assim, na quarta (13) foi paga a primeira parcela a 47% do funcionalismo público. Os 53% dos trabalhadores que não receberam nesse dia dizem respeito à, basicamente, profissionais da educação. Na sexta (15), foi pago até R$ 1500 para o restante dos servidores ativos, deixando de fora os aposentados.

Em nota, a Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais afirma que “os depósitos dos demais valores continuarão sendo feitos à medida que o fluxo de caixa for se normalizando”. A previsão para pagar a primeira parcela de até mil reais para os servidores inativos é na terça (19). A segunda parcela para todo o funcionalismo está prevista para do próximo dia 25.

Nesta segunda (18), o Sind-UTE/MG realizou uma manifestação em frente ao Palácio da Liberdade para denunciar os atrasos salariais. Com o lema “sem salário, sem trabalho” os educadores vestiram preto e cobraram do governador Fernando Pimentel (PT) compromisso com a categoria. Outra manifestação está agendada para esta terça (19), às 9h, na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte.

Camila de Paula, que é professora na Escola Estadual Euzébio Dias Bicalho, afirma que os atrasos no pagamento afetam diretamente sua vida, mas, principalmente sua saúde mental. “Minha renda é somente essa. Amo o que faço, mas não ser tratada com dignidade e o mínimo de respeito pelo Estado abala meu psicológico”, afirma.

De acordo com Renan Santos, do Sindu-UTE/MG os atrasos nos pagamentos têm sido recorrentes, assim como aconteceu com o décimo terceiro, que também foi parcelado em quatro prestações. Isso reflete, segundo o sindicalista, a visão secundária que o governo tem da educação, uma vez que priorizou o pagamento dos policiais militares e outros setores do funcionalismo.

“O governo está tentando ganhar o apoio da segurança pública, que, historicamente nunca teve. Ele está se iludindo. Mas como pano de fundo está o conceito que o governo tem da educação, como última prioridade. Recentemente, o governador deu entrevista dizendo que a PM recebe antes porque tem feito um excelente trabalho, como se a gente não tivesse fazendo”, questiona Renan.

 Brasil de Fato

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