Manipulação para punir e demitir eletricitários



Manipulação para punir e demitir eletricitários

O processo punitivo de perseguição e extremamente autoritário, conduzido na Cemig por meio das sindicâncias, continua fazendo vítimas com traumas psicológicos e grande sentimento de injustiça por parte dos atingidos.

As vítimas mais recentes foram os eletricistas de linhas e redes, Eldício Rodrigues Cardoso, 20 anos de empresa, e Igo Chmone Barbosa Spínola, 12 anos de Cemig, que trabalhavam na localidade de Jaíba, região de Janaúba, no Norte de Minas. Eles foram comunicados da demissão sumária no último dia 6 de novembro.

A sindicância foi aberta em janeiro de 2018, com as investigações iniciadas a partir de um atendimento realizado em 8 de novembro de 2017. A demanda foi de cabo solto. A dupla constatou o fio rebaixado a cerca de quatro metros de altura e duas cruzetas “podres”.

Como era preciso trocar as cruzetas, foi encaminhado um e-mail para os dois técnicos responsáveis pela manutenção e operação na região, solicitando a geração de uma Nota de Serviço com as coordenadas para a substituição das cruzetas. Um procedimento que, segundo eles, sempre foi prática adotada pelos eletricistas da região.

A dupla jamais foi convocada para dar sequência à demanda que seria gerada pela Nota de Serviço e, por isso, continuaram com o trabalho programado pelas chefias. Passaram-se 49 dias com o cabo exposto a chuva, sol e vento. E foi numa tragédia que poderia ter sido evitada que os dois eletricistas foram “pegos para Cristo”, como afirmou o próprio Eldício.

Lamentavelmente, uma pessoa entrou no lote onde estava o fio solto e tocou no cabo energizado, vindo a óbito.

A dupla foi afastada da Cemig por 75 dias e a sindicância começou. “Foi uma investigação que não considerou o e-mail enviado para os técnicos, nem o depoimento de um dos técnicos de que ele havia falhado ao não dar encaminhamento à mensagem eletrônica com a solicitação da Nota de Serviço”, lembrou Eldício.

E segundo Igo, a sindicância também desconsiderou o procedimento padrão até então adotado pelos eletricistas da manutenção e operação, onde a solicitação de notas de serviço é repassada para os técnicos. A investigação, inclusive, colheu e ignorou testemunhos de outros eletricistas do setor, que confirmaram a prática.

Histórico de perseguições e ações na Justiça

Os dois eletricistas têm ações que buscam direitos não pagos pela Cemig e, no caso de Eldício, existe um histórico de perseguições do supervisor contra ele. Ele ganhou uma ação de 30% de periculosidade sobre a remuneração e aguarda sentença em um processo que reivindica equiparação salarial. Igo também espera decisão em processo de isonomia salarial. 

O sentimento dos dois trabalhadores é de injustiça. Igo disse que não esperava punição tão dura e Eldício confessou que “já esperava”, pelo histórico de assédios que sofreu.

Apoio do Sindieletro

O Sindieletro acompanhou todo o processo de sindicância da dupla de eletricistas, inclusive com a assistência de um advogado. O coordenador da Regional Norte do Sindicato, Adelson Kleiber, avaliou que a investigação foi toda direcionada, com perguntas tendenciosas e descarte de depoimentos e documentação fundamentais para a defesa da dupla.
O advogado do Sindicato, Vânio Corrêa, informou que já foi apresentado recurso administrativo para reverter as demissões. Segundo ele, ficou comprovado que os trabalhadores adotaram todas as medidas necessárias para a correta realização das atividades.

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