Em tempo de ataques a direitos, a luta pela educação mostra o caminho



Em tempo de ataques a direitos, a luta pela educação mostra o caminho

 Os profissionais da rede estadual de ensino decidiram continuar a greve iniciada em 8 de março. Mais uma vez esses trabalhadores mostram às outras categorias o valor da perseverança e da mobilização para cobrar o cumprimento de acordos desconsiderados pelo governo de Minas.

A coordenadora-geral do SindUTE/MG e presidente da CUT Minas, Beatriz Cerqueira, explica as razões da greve que envolve um dos setores mais importantes para a sociedade que é a educação.

 Chave Geral: Qual o principal motivo da greve?

Beatriz Cerqueira: A principal motivação do nosso movimento é o não cumprimento pelo governo Fernando Pimentel (PT-MG) do acordo e da lei do piso, assinados em 2015. O piso salarial dessa categoria é resultado de 10 anos de luta e de três greves históricas. Em 2015 Sind-UTE/MG fez intensa negociação comgoverno Pimentel, que resultou num acordo (firmado em 15 de maio) e na lei do piso salarial, a lei nº 21.710. Mas, até o momento, o governo não pagou os reajustes de 2017 e 2018 e por isso os educadores não atingiram o piso salarial este ano, como foi acordado em 2015.

CG- Como está a negociação?

BC- O Sind Ute cobra uma data exata para o pagamento das atualizações do pagamento do piso nacional, referentes a 2017 e 2018, que é de 14,97%. O estado alega dificuldades por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal e por falta de recursos. Mas sabemos que o governo tem dinheiro, sim, para honrar o compromisso que assumiu com a educação. Acontece que o Estado está pegando o dinheiro que é exclusivamente da área de Educação e gastando com outras coisas. Só da cota salário educação mais de R$1 bilhão deixou de ser investido.

 CG - Qual o balanço você faz da greve?

BC- Hoje já temos um quadro de 40% e a greve está crescendo. Nossa dinâmica inclui, além da assembleia estadual, assembleias locais que vão avaliando as propostas que o governo apresenta e a mobilização local. O governo divulga adesão menor porque promove uma disputa da opinião pública para tentar convencer as pessoas de que a “greve é errada”.

CG- Você sempre diz que têm outras questões relacionadas ao piso. Quais são?

BC - O piso é devido desde abril de 2011, mas nós aceitamos recebê-lo em julho de 2018. O piso é para professor com nível médio de escolaridade, nós aceitamos receber para a licenciatura plena, abrindo mão de 17,6% da carreira. O piso é vencimento básico, mas aceitamos receber abonos que depois seriam incorporados. Aí, agora, o governo quer que a categoria abandone a luta de dez anos pelo piso? Depois de se comprometer e da gente abrir mão de várias questões em função dess negociação? O vencimento básico inicial de um professor com licenciatura plena é hoje de R$1.982,00. O piso salarial para 2018 é de 2.455,00. Quer dizer, há uma distância grande ainda.

CG- De onde vem a esperança de construir bases para o acordo?

BC - Qualquer pauta da Educação envolve a sociedade, ou deveria envolver. Então, todo mundo precisa discutir e se posicionar. Assim como as questões de energia e saúde envolvem toda a classe trabalhadora e deve haver solidariedade entre as categorias. Há 10 anos Minas não investe o mínimo constitucional de 25% em educação. Isso gerou uma dívida social de mais de R$ 8 bilhões. Em 2015 o investimento ficou em 22,77% e em 2016 também. Mas, no último dia 16, surgiu uma luz para o nosso impasse. O Ministério Público de Minas Gerais nos convidou para uma reuniãoentre o governo, a Assembleia Legislativa e o Sind-UTE.  Diante da falta de avanços, o próprio sindicato sugeriu dialogar com outros poderes. Nós acreditamos que se houver vontade política, é possível resolver o impasse. Nova assembleia está marcada para o próximo dia 22. Esperamos, até lá, ter a garantia de aproximação do piso, como já acordado.

 

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