Categoria se mobiliza contra fechamento da usina de Igarapé



Categoria se mobiliza contra fechamento da usina de Igarapé

Com o desejo insensato e irresponsável de deixar a Cemig atraente para a privatização, a gestão da empresa, alinhada com as propostas do governo Zema, não mede esforços para agradar ao mercado. Mesmo que isso coloque em risco o sistema elétrico, agrave os índices de desemprego e afete a economia do Estado. 

Da base, o Sindieletro recebeu a denúncia de que a gestão da empresa pretende se desfazer da Usina de Igarapé. Questionamos a administração Cemig e, como resposta, recebemos a informação de que foi criado um grupo de trabalho para analisar a viabilidade operacional da termelétrica.

Nos esclarecimentos, a Cemig informou que Igarapé “tem alto custo operacional, é a única usina da empresa que utiliza óleo combustível e não se enquadra na categoria de fontes renováveis de energia”. A Cemig disse, ainda, que nos últimos dois anos foi “despachada em poucas ocasiões pelo Operador Nacional do
Sistema (ONS) e apresentou resultados financeiros desfavoráveis”. Na prática, sabemos que a intenção é de encerrar as atividades na usina.

Situada no município de Juatuba, Região Metropolitana de Belo Horizonte, a UTE de Igarapé entrou em operação em 1978 e tem capacidade instalada de 131MW. Atualmente é considerada a quarta maior usina da Cemig, que em 2017 viu sua capacidade geração cair cerca de 50% após a privatização das usinas de São Simão, Jaguara, Miranda e Volta Grande.

A geração de energia em Igarapé é essencial, sobretudo nós períodos de estiagem. Além disso, o empreendimento é importante fonte de arrecadação de impostos  e geração de empregos, diretos e indiretos, para a região. 

Sobre a justificativa do alto custo operacional da Usina, de acordo com fontes ouvidas pelo Sindicato, ela reside no preço atual do óleo diesel. “A Cemig do governo  Zema está sentindo no bolso a política de preços da gestão Bolsonaro para os combustíveis, que hoje estão alinhados ao mercado internacional, completamente fora da realidade brasileira”, avalia o coordenador-geral do Sindieletro, Jefferson Silva.

FUTURO INCERTO

Após saberem das intenções da empresa, os eletricitários da usina, conforme relatos, não conseguem sequer dormir. Apesar de a Cemig garantir em sua  resposta ao Sindicato de que não haverá demissões de trabalhadores do quadro próprio, o mesmo não se pode dizer dos terceirizados.

Na sexta-feira (17) o Sindieletro realizou uma setorial na UTE e constatou a grave situação no local. Atualmente Igarapé conta com 45 trabalhadores no quadro próprio e 28 terceirizados. Muitos residem em Juatuba.

“Até quando a Cemig continuará com essa política perversa de cortes de pessoas e fechar instalações sem dar esclarecimentos à sociedade e aos trabalhadores?”, indaga um eletricitário. “Juatuba é uma cidade pequena e sem muitas opções de trabalho”.

Apesar de não “apontar” para demissões no quadro próprio, o Sindieletro lembra que a transferência de eletricitários (as) que construíram suas vidas na região, em virtude do trabalho, também pode ser traumática. “A política adotada no fechamento das localidades é a mesma agora: respeito zero pela vida dos trabalhadores”, 
critica Jefferson Silva.

Resistir e defender a usina e a Cemig

O coordenador do Sindieletro na Regional Metropolitana, Carlos Alberto de Oliveira, ressaltou que a hora é de unir toda a categoria para defender a manutenção da
usina e lutar contra a privatização da Cemig. “Da mesma forma que impedimos, por duas vezes, a privatização no passado, temos que lutar para impedir o fechamento de Igarapé. A empresa tem que encontrar outra forma que viabilize o funcionamento da usina”, ressaltou.

“Você, eletricitário (a), tem que entender que essas não são medidas isoladas. Elas são parte de uma política pensada e articulada para privatizar a Cemig. O momento não pede outra coisa, senão que gente entre de vez na luta. Privatização só vale a pena para os empresários!”, diz Jefferson Silva.

 

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