A disputa de sentidos e o americanismo utilizados para explorar, manipular e dominar



A disputa de sentidos e o americanismo utilizados para explorar, manipular e dominar

No dia 27 de abril a Escola Sindical 7 de Outubro sediou o encontro “Geopolítica e os planos dos Estados Unidos para a América Latina”, com o objetivo de construir a resistência e a solidariedade internacional da classe trabalhadora.  Foram convidados para o debate, a professora da Universidade de Havana, doutora Yasmín Vásquez Ortiz e o professor da Universidade Federal de Minas Gerais, Juarez Guimarães. 

O evento foi uma realização conjunta do Sindieletro, da Federação dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Fetrafi MG), Sindicato dos Servidores Públicos (Sindsep-MG), da Frente Brasil Popular, da CUT Minas e da Escola Sindical.

Yasmín Vásquez destacou que o grande desafio imposto à America Latina é encontrar formas para reverter retrocessos e o empoderamento dos EUA sobre o continente, uma ação articulada pelo poder político, econômico, cultural e religioso.  “Não enfrentamos um único partido ou uma única força organizada, mas uma rede de partidos, de organizações com estratégias muito bem definidas para fazer a disputa de sentidos e dominar a América Latina”.

Para a professora, a disputa de sentidos pode ser mais perigosa que a própria disputa pelo poder, por interferir na conduta humana para se firmar como um processo renovador que altera as estruturas, destrói laços familiares, de afetividade, de solidariedade e de fraternidade.

Essa disputa consegue subordinar a cultura e a religião e interfere em toda a estrutura política do país para garantir os seus interesses.

Yasmín Vásquez explica que a disputa de sentidos promove a criminalização dos partidos da esquerda e dos movimentos sociais, enfraquece os sindicatos, corta direitos trabalhistas e previdenciários e reduz o interesse sobre a política, tornando as pessoas cada vez mais alienadas, consumistas e individualistas.

Yasmín destaca que o discurso de ascensão social transforma o trabalhador em “empreendedor”, tornando a sociedade cada vez mais competitiva e individualista, sacrificando valores como solidariedade, a cultura e o conhecimento popular.       

A professora destaca que no Brasil e em outros países latinoamericanos, a disputa de sentidos se utiliza dos meios de comunicação de massa, comprometidos com os interesses do capital privado e com governos fracos, para fazer a disputa política. “Essa imprensa  manipula dados econômicos e traz informações duvidosas, muitas vezes sem fontes confiáveis e dissemina mentiras para se empoderar e combater a esquerda”.

Submissão e caos no Brasil

O professor Juarez Guimarães enfatiza que os EUA impõem à América Latina o seu partido, a sua liderança mundial, a sua cultura e o seu estilo de vida por meio do “Americanismo”, uma nova forma de colonização que destrói a formação e a dignidade dos brasileiros.  “Esse projeto de civilização é político ao promover a perda da soberania, é econômico ao aprofundar a dependência econômica, é social ao impor o modo de vida norteamericano e é cultural ao acabar com a autoestima do povo brasileiro”, explicou.

Juarez lembra que o economista Celso Furtado defendia que o Brasil não podia se desenvolver sem conquistar a soberania nacional, pensada no âmbito da participação popular e da democracia. Em direção oposta, o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi a era de concretização do americanismo no Brasil, uma situação que se agrava no governo Jair Bolsonaro. “O PSDB era a extensão do partido Democrata Norte Americano no Brasil. No entanto, o novo governo deve ser entendido como a expressão máxima do americanismo.  Bolsonaro é submisso aos interesses dos EUA e braço direito do presidente Trump”, salientou.

Juarez finalizou dizendo que  “não se constrói uma nação sem enfrentar o capitalismo e se as esquerdas brasileiras e latino-americanas não forem capazes de se unirem, não será possível enxergar um horizonte que possibilite a autonomia e o desenvolvimento das nações”.

 

 

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